Quando eu tinha 13 anos, em 1997, minha família adquiriu um computador. Não foi exatamente proposital. Meu pai era representante de vendas e tinha assumido uma nova região. Na negociação para que isto acontecesse, ele acabou compensando o antigo dono através da compra de algumas coisas que ele usava para o trabalho. Lembro que umas 20 cadeiras de plástico ficaram para nós. Outro item era um computador.

Era um Pentium 133 com 8 MB de RAM e pouco mais de um 1 GB de disco rígido. Veio com teclado, mouse, impressora e monitor, que funcionava muito bem em 800 × 600 e muito mal em 1024 × 768. A impressora era uma HP Deskjet 680C. Tinha o Windows 95 (que, depois descobri, era o 95a) instalado.

Até aquele momento, eu nunca tinha encostado num computador, exceto em duas ocasiões. Uma vez, no trabalho da minha mãe, eu tinha apertado a tecla Enter após insistir muito que eu queria mexer no computador. Outra vez, no CCAA em São Miguel d’Oeste, onde havia um computador que eles disponilibizavam para fazer as tarefas, com software deles e tudo. Esta última foi uma experiência dolorida, porque eu não sabia onde estavam as teclas e eu levei uma quantidade exagerada de tempo para fazer os meus deveres.

Lembro bem dos primeiros dias com o computador. O mouse ainda não estava funcionando, porque foi só depois de um tempo que um técnico (o Djalma) veio consertar. Sem o mouse, o Windows 95 não é tão intuitivo assim.

Um problema que eu enfrentei já no primeiro dia foi com a Lixeira. Primeiro, eu não sabia o que era a lixeira, mas eu consegui abri-la navegando com as setas e dando Enter em cima dela. Mas como fechar aquela janelinha? Evidentemente que eu não conhecia o Alt+F4 e nem que eu poderia acessar os menus usando Alt e a letra sublinhada. Reiniciei o computador (acho que no botão mesmo) e, para meu espanto, a Lixeira abriu sozinha quando o computador reiniciou. O Windows salvava as janelas abertas do Explorer.

Ficou melhor quando o mouse foi consertado. Então eu já podia atacar conceitos mais complexos, do tipo: é um arquivo que fica dentro de uma pasta ou uma pasta que fica dentro de um arquivo? Porque, trazendo as analogias que eu conhecia do mundo real, me parecia que uma pasta (daquelas de plástico) é que deveria ficar dentro de um arquivo (aquele móvel). Minha tia Arlete disse que, se não explodiu quando eu criava um arquivo dentro de uma pasta, então estava tudo bem.

Eu fui fuçando no sistema e descobrindo várias coisas. Tinha o Word 6.0 instalado, com aquela splash screen que não sai da memória. Tinha o Excel também. E a suíte do CorelDRAW, com o Photo Paint, o MOVE, etc.. Havia um editor estranhão, chamado QBASIC, que parecia uma máquina de escrever. Lembro de digitar a letra da música dos Virgulóides nele para ver como ficava quando impressa.

Mas de jogos só tinha Paciência e Campo Minado. O Djalma instalava os jogos adicionais. Cobrava R$ 1,00 por disquete (não que ele deixasse o disquete — era só a maneira que ele usava para cobrar). Assim ficamos com o Mortal Kombat no computador.