O trem que se foi
Consigo levou
As cinzas do mundo
Dos tempos passados.

Cruéis ansiedades
E frias vinganças
Ficaram no fundo
Do quarto vagão.

No décimo-oitavo
Estão enterrados
Os sonhos e planos
De quem morreu jovem.

No quinto se encontram
Amores rasgados
Por vidas bandidas
E longas demais.

No sétimo estão
As dores de quem
Só dores sentiu
A vida inteirinha.

No décimo-sexto
Estão as covardes
Palavras lançadas
A doces crianças.

Dirige o comboio
A locomotiva
Dos anos compridos
Da vil solidão.