A porta entreaberta da casa era estranho.
Ao fundo falavam inquietas as vozes,
E, mesmo com o pouco que tinha tamanho,
No peito brotavam-lhe medos atrozes.

A voz de sua mãe ele ouviu com aflição;
O dono da outra não soube dizer.
Fugir ordenava o cruel coração,
No entanto mandava-o em frente o dever.

O ruído ignoraram que a porta gemeu.
Cautela ele tinha, mas sempre avançava.
Pertinho do quarto da mãe percebeu
O pranto incontido que a pobre chorava.

Olhou porta adentro com muito cuidado:
Um homem de costas gritava com ira;
À mãe — entendeu — tinha um dedo apontado.
Pavor deste porte ele nunca sentira.