Não tinha momento melhor do seu dia
Que à casa voltar de tardinha da escola.
A mãe que o esperava e o cachorro que o via;
Podia comer, descansar, jogar bola.

Na escola não tinha jamais um problema:
Aluno era bom, não ficava em exame;
Pacato, aguentava paciente o sistema;
Aos pais dava orgulho, não dava vexame.

Deixar o caderno e os livros, porém,
E à pura folia doar um tempinho
Não faz mal algum, certamente, a ninguém.
A vida levava tranquila o Paulinho.

Dos males do mundo não vira os vergões,
Assim como todo criança devia
Que não completou nem sequer dez verões —
Mas tudo mudou de uma vez num só dia.