Eles ficam num canto discursando
Com palavras sinceras, importantes.
Não os ouve ninguém, não há plateia;
Responde-lhes somente o próprio eco.

Olhar dá pena — mas fazer o quê?
Encontrar-lhes ouvintes dedicados?
Avisar que ninguém presta atenção?
Quem disse que eles querem algazarra?

Parece — pelo menos — que não sofrem;
Ao contrário, felizes assobiam.
Talvez só sofre quem assiste ao longe:
O problema é quem olha e não a coisa.

Depois — me diz — quem é que tem plateia?
Quem são os famosinhos populares,
Com seus milhões de seguidores cegos?
Eles são vencedores nesse mundo?

É melhor ser autêntico na essência
E curtir solidão a vida inteira,
Ou se entregar à turba de comuns
E ser reconhecido por seus pares?