O homem saiu para a varanda e abriu
A sapateira bege, que ficava
Contra a parede cinza, atrás da qual
Havia um mato denso.

Com os sapatos nas mãos lembrou que ouvira
Quando criança do risco de uma aranha
Enfiar-se por dentro de um sapato
E de atacar o incauto.

O conselho de mãe jamais seguira,
Mesmo porque nenhuma aranha nunca
Encontrara ao calçar sapatos seus.
Julgava ser boato.

Mas neste dia, sem saber por quê,
Resolveu conferir se havia aranha:
Os sapatos bateu no chão de leve:
Saltou aranha negra.