Chuva, que tens que cais com tanta fúria?
Queres vingar-te de um pequeno aqui?
Talvez eu mesmo contra ti pequei?
Não respondas, ó chuva; antes reflete.

Se é de mim que vingar-te queres forte,
Dize-o logo; o conforto de meu lar
Sem pensar abandono num instante
E me entrego às tuas gotas redentoras.

Se me tens como amigo, então te peço
Que as cabeças daqueles que eu desprezo
Sirvam de alvo aos teus raios impiedosos
E que torradas fiquem sem demora.

Se, contudo, prometes que os teus ventos
Levar-me-ão desta terra para sempre,
O preço pago que pedires, pago!
Até, se o queres, a alma dou em troca!