É quieto no rio:
Os carros sumiram,
Sumiram as pessoas.
É quieto no rio.

Alguém da cidade,
Sentado na margem,
Não sabe apreciar
O belo silêncio.

Ninguém no horizonte,
Nenhum telefone.
Só a água passando,
Sem pressa, inocente.

Já faz algum tempo
Que o rio anda quieto —
Mas quieto demais.
Demais silencioso.

Razão desconheço
Pra tanto silêncio.
Não pode estar certo,
Nenhum barulhinho.

Calou a cigarra,
Não tem nem mosquito,
Sumiram as aves,
Os bichos da terra.

Sentido não faz,
Mas a água do rio
Barulho não faz —
E antes fazia.