Em 1995, quando eu ia na quinta série, os professores fizeram greve. Todos eles, exceto a professora de geografia, cujo nome agora me escapa. Mas era a mãe do Diógenes — aliás, naquela época eu achava um nome feio e bizarro, mas agora vejo o valor —, que era meu amigo e estudava na mesma sala. Então na semana inteira eu tinha que ir duas vezes para a escola, em horários quebrados. A rotina ficava toda errada.

Um dos horários era de manhãzinha, e uma vez esqueci de colocar o relógio para despertar. Quando acordei, a aula já tinha começado. Levantei da cama e saí correndo para a escola. Quando cheguei na sala, abri a porta com força e todos os olhares se voltaram para mim. Eu, com aquela cara de quem acordou, com cabelo despenteado, todo elétrico. Silêncio total. Eu pergunto:

— Tô atrasado!?

A professora responde que não e todo mundo cai na gargalhada.