Uma época nós tínhamos como vizinhos a família Pereira, com três filhas, que chamávamos de Pereirinhas. O pai era um cara meio vermelho, meio gordo, e gostava de beber. Toda sexta à noite rolava gritaria na casa deles. A mãe reclamava e ele sempre respondia assim:

— Mulher, tu não me enche o saco, mulher! Tu não me enche o saco!

Eu ficava com medo, não conseguia dormir. Não estava acostumado com gritaria. Pior que quando ele ficava mais irritado (ou mais bêbado) ele ameaçava:

— Mulher, não me enche o saco senão eu vou dar um tiro!

E eu pensava: é melhor eu ficar deitado bem junto do colchão, vai que eu sou baleado!

Um dia ele ameaçou de novo dar um tiro e a mulher retrucou, bem alto:

— Vai atirar por onde, pelo cu?

Não levei mais a sério as brigas deles depois disso.