Um dia, quando eu tinha sete anos, estava só de cueca em casa — devia ser verão — assistindo televisão naquela bicama que ficava na sala. Meu pai chegou então do trabalho, e trouxe um amigo junto. Com uma filha pequena, talvez um pouco mais velha do que eu. E eu de cueca.

Rapidinho puxei uma almofada e pus sobre a região pouco coberta. Do tipo: “não tem nada de errado aqui, só estou sentado com uma almofada, e é claro que estou vestindo um calção”.

Eles entraram, sentaram e… não iam mais embora. Eu mal podia me mexer. Não podia ir pegar água, nem ir ao banheiro. Só naquela tensão de ser descoberto a qualquer momento. Vai que algum adulto pedisse para eu ir buscar alguma coisa — o que eu ia dizer?

Imagino que todo mundo ali percebia o que estava acontecendo. Os adultos, pelo menos, com certeza sabiam. Meu pai, para acabar com o sofrimento, começou alguma brincadeira com as almofadas e uma hora pegou justamente a que me protegia e me deu com ela na cabeça. Entre risadas, meu estado lastimável foi revelado.

Fui para o quarto e coloquei um calção.