Nato é uma palavra de origem erudita que significa “nascido”. Vem direto do latim natus. Por isso aquele uísque se chama Natu Nobilis: significa nobre de nascido, nobre de nascença. (Mais expressões latinas em produtos nesse artigo). Nesse sentido que dizemos assim: aquele sujeito é um pintor nato, um cientista nato. Já nasceram daquele jeito.

Inato parece o oposto, mas existem na verdade dois inatos. Um deles vem do latim innatus, no sentido de “não nascido”. Outro vem do latim innatus, que significa “nascido em”, “inerente”, “natural”. Então podemos dizer: a pintura, a ciência é inata nele. Já estava com eles quando nasceram.

Nado é um particípio passado “irregular” de nascer. Digo “irregular” porque ele é o herdeiro legítimo e popular (ou assim eu creio) do latim natus (que é particípio passado de nascor, de onde veio o nosso nascer). Camões diz, por exemplo, “um Rei de pouco nado”, ou seja, um rei nascido há pouco, isto é, Jesus.

Já a palavra nada, que significa “coisa nenhuma”, é o feminino de nado, “nascido”. Em algum momento, as pessoas diziam res nata, que significa “coisa nascida” em contextos (imagino eu) do tipo: “não há coisa nascida que me faça sair de casa” ou “procurei por tudo e não vi coisa nascida”. Com o tempo o res caiu e ficou só o nada mesmo.

Em francês, rien (“nada”) vem justamente do latim res, pelo acusativo rem. Não encontrei evidência de que o nata teria ajudada a converter o res em “nada”, mas de qualquer forma não parece necessário: faz sentido dizer “não há coisa que me faça sair de casa”, “procurei por tudo e não vi coisa”.