De olho na folha
Passava seus dias;
O branco apagava —
Com letras enchia.

Cadernos, volumes
Cercavam-no inteiro;
Eis dele o jardim,
Eis dele o canteiro.

Ninguém espiava
As linhas repletas
De tortos garranchos,
De odes completas.

Sabia bem ele:
Não eram pra ler
Aquelas montanhas;
Mas sim pra escrever.

Assim registrava
Os dias passados,
Os tempos já idos,
Os anos cercados.

E certificava
Que cada minuto
Contava na vida —
Propósito astuto.

Pra si, não pros outros:
Depois que morresse
Que o lápis caísse,
Que tudo queimasse.