As dúvidas inundam o deserto
Da minha mente seca e desprovida;
E nesse oceano de eternal tormenta
Eu não me afundo, pois me agarro em dogmas.

Se eu não tivesse medo de granizo,
De raio, de trovão, de tempestade;
Se ao menos eu morasse em casa forte,
De telhado bem feito e sem goteira.

Se nadar eu soubesse destramente,
Eu poderia atravessar a enchente;
Se não fosse oprimido pelo vento
Não mais o frio me torturaria.

Mas como os elementos me perseguem
No descampado de uma vida oca,
Eu fujo como posso dos carrascos:
Aos dogmas eu me entrego com fervor.