Assim eu não quero,
Assim não dá mais;
As noites vazias
E os dias iguais.

Eu quero a montanha,
E o fundo do mar;
Sair eu preciso
E mais não voltar.

Um ano inteirinho
Vivido no céu;
E quando eu voltar,
Fazer escarcéu.

Contar a verdade,
Do jeito que vem;
Dizer que, no fundo,
Não há mal nem bem.

Quebrar as correntes
De quem também está
Sedendo da ida
Daqui para lá.

Mas isso, quem sabe,
Talvez amanhã;
Por ora me rendo
À vida mais chã.

Pois veja, meu caro,
Não é bem assim;
Não venha com papo
Pra cima de mim.

Eu faço barulho
Feroz como um cão;
Mas fico somente
Na encenação.