Um pastel desfigurado.
Só assim posso descrever
Aquela monstruosidade
Que pediu o camarada.

Ali mesmo no balcão
Em que montam o pastel
Como o cliente quiser,
Ordanava o celerado:

“Pode colocar mais molho,
Mais frango, mais muçarela,
Mais presunto, mais palmito,
Mais ovo, mais calabresa…”

A moça, perplexa, ouvia,
E a montanha só crescia
De ingredientes diversos —
Abusam da liberdade!

Quando o esfomeado parou
De adicionar elementos,
Partiu então pra segunda
Etapa do seu pedido:

“Pode fechar a massinha
Mais pra perto do recheio?
Ali tá sobrando um pouco.
Por favor, corte mais junto…”

A moça ainda perguntou,
“Você não gosta da massa?”,
E ele respondeu, é claro,
“Da massa não gosto, não.”

Ao pesar o Frankenstein,
Estarrecido constato,
Que o meu pastel custou 4,
E o dele passou dos 20.