A prostituta tinha um problemão.
Já estava acostumada com os grosseiros,
Com os fedidos, pães-duros e os imundos;
Embora jovem, tinha já carreira.

Mas o que a incomodava em demasia
Eram aqueles que traziam os lábios
Para perto do rosto e a beijavam;
Aquela intimidade era demais!

Um dia aconselhou-se com a colega,
E perguntou se ela também sofria
Com a pouca sensatez da clientela;
Ao que ela retrucou-lhe seriamente:

“Nossa vida não é fácil, minha cara.
Precisamos ser fortes nessa lida.
Quando isso me acontece, eu sofro quieta,
Pois esses são os ósculos do ofício.”