Não venham dizer que ainda é cedo,
Se o sol já se pôs no horizonte;
Se as rugas cresceram na fronte;
Se a morte já é causa de medo.

Não digam que tudo é possível,
Se nada é o que eu tenho a mostrar;
Se eu sei que o dever é marchar
No rumo do certo e factível.

Se nunca molhei os meus pés
Na praia que está no quintal,
Não venham dizer-me “que tal?”,
Que eu sigo certinho as marés.

Se à frente o que tenho é o penhasco
Não tentem o passo impedir;
Teimoso hei de sempre insistir
Em ser o meu próprio carrasco.