Não há violino que aguente
A dor deste mundo canalha.
Não há quem consigar trazer
De volta a canção do violino.

Tentaram já muitos artistas
Trazer novas peças geniais;
Porém a recusa é constante:
Não quer mais tocar som algum.

Um dia deixou escapar:
Talvez Paganini pudesse
Tirá-lo do fundo do posso,
Pedindo favores ao diabo.

Mas sabe que o tal Niccolò
Também sentiria sua dor;
Do fundo do inferno diria:
“Aguenta, que aqui é pior.”

As notas não são mais amigas,
Somente lembranças que choram,
Relíquias de um tempo remoto,
Vivido, sentido, distante.

Renovam-se as dores por ora —
De mal a pior vão as coisas.
“Mas e um pizzicato, quem sabe?”
“Não canto pra um mundo tão mau.”