O cheiro de galinha depeneda,
Mergulhada em fervente caldeirão
Vai persistir depois que eu esquecer
Em que ano vivemos e o meu nome.

Aquele odor não é desagradável,
É o contexto que o torna memorável.
A galinha que há pouco ainda ciscava
Rapidamente se transforma em carne.

Primeiro decapitam-na de um golpe
De afiada faca; a um lado sai correndo
A acéfala galinha, e a cabeça
No outro lado ainda move em vão o bico.

Depois é submergida em água quente,
Para facilitar a depenagem.
E é nesse instante que as narinas sentem
O cheiro inesquecível da galinha.