O céu vem desabando sobre nós
Em ondas colossais de dominós
Que quebram a ilusão de ser humano
E deixam-nos com trapos e com panos.

De cem mil megatons, as brumas descem
Com amargura nos ânimos terrestres —
A doçura que resta é ter certeza
Que do bom predador nós somos presa.

Caem as leis da física, num tombo
Do alto da escada — e acorda com este estrondo
Bando maldito de almas infelizes,
Ávidas de ouro e poucas diretrizes.

Enfim, num súbito assoprar intenso,
Desaparece a nossa vã existência —
Merecedores de lição inclemente,
O prêmio temos de dormir pra sempre.