Enquanto o cataclismo perdurar,
Em cavernas profundas vou dormir:
O sol há de nascer mais uma vez
E as nuvens do passado dispersar.

Vou vagar por saguões monumentais,
E perder a noção do tempo externo;
A cabeça bater eu vou na rocha
E descansar no sono de um desmaio.

Com os olhos bem abertos vou tatear
A escuridão profunda em que me encontro;
Tão cego quanto a cega salamandra
Vou me arrastar por câmaras sem fim.

Quando o céu terminar de desabar,
Vai me chamar o sol, que tudo fez,
E assim, purificado dos meus males,
Vou errar sobre a terra que perdoa.