Uma mosca pousou na minha sopa.
Eu chamei o garçom, mas ele disse
Que não tinha nenhuma mosca ali,
Que era alucinação da minha parte.

A contragosto eu fui tomando a sopa,
Cuidando para a mosca não pegar
Nas colheradas que eu levava à boca;
O garçom lá de longe elhava e ria.

Ao terminar, porém, eu constatei
Que a mosca não estava mais no prato.
Procurei ao redor, mas não a vi;
O garçom mal continha a gargalhada.

Agora eu não consigo mais dormir
Com o zumbido incessante deste inseto,
Que permanentemente habita em mim
Sem pagar aluguel ou conta d’água.