A barata aparece de relance,
Em silêncio se move sorrateira
Com patinhas velozes, silenciosas
E anteninha de imundos pensamentos.

Os olhos que a avistaram não desgrudam
Do inseto que invadiu o quarto pronto
Para uma noite inteira de repouso
Na cama, que é vizinha da barata.

Desprovido, porém, de algum chinelo
Ou de objeto qualquer que sirva de arma
Não vais matá-la, apenas a verás
Esconder-se debaixo desta cômoda.

Arreda o móvel, tenta descobrir
Se ela está neste canto mais escuro
Ou se foi, ao fugir, parar mais longe,
Atrás do criado mudo ou do colchão.

É claro que encontrá-la tu não vais.
Já é tarde e precisas descansar.
A barata será a tua companhia
E, assim que adormeceres, voltará.