Se correr, o bicho pega;
Se ficar, o bicho come.
Escapar desta refrega
É impossível para o homem.

Se esconder, o bicho atura;
Se mostrar, o bicho assusta.
Entender esta figura
É uma causa muito justa.

Se perdeu o pobre bicho,
Se matou ao ser roubado.
Pois sentir-se como lixo
Fê-lo triste, acabrunhado.

Quando o bicho pega e come,
Resta pouco que se assusta;
Toda causa sai e some
Da figura tão venusta.

Se perdeu o justo lixo,
E a refrega se mostrou;
Mas o fez com tal capricho
Que até o homem não roubou.

Escapou da causa o pobre
E sentiu-se caprichado;
Ao matar a Vênus nobre
Não fez certo, fez errado.