Perto do rio que deságua no mar
Tem muita gente que sai pra pescar.
Saem bem cedo, muito antes da aurora;
Voltam, tem criança que já foi embora.

Cores são poucas, são muitas miragens;
Raro quem enxerga por estas paragens.
Manda aqui mesmo é o temor do infinito;
Vozes existem, mas nunca um só grito.

Quando as mulheres caminham descalças,
Jarros consigo elas levam sem alças.
Olhos perdidos que nada souberam:
Luzes não viram no céu quando vieram.

Ocas estátuas aos tempos inerte;
Dormem, não há quem ao mundo as desperte.
Sonhos não têm, pois a nuca é despida;
Perdem a morte, mas ganham a vida.