Um dia me venceu enfim o tédio.
Me bateu tanto, a surra foi tamanha —
Que eu me lancei do oitavo andar do prédio.
Morri no chão como esmagada aranha.

O tédio é o grande mestre da paciência.
Eu atacava, ele me dava as costas;
As perguntas ficavam — a insolência! —
Ficavam todas sem quaisquer respostas.

Os sinais da derrota eram evidentes:
O relógio que andava devagar;
A baba que escorria pelos dentes;
A bunda que grudava no sofá.

Implacável o tédio me venceu.
Me privou de uma vida já sem graça.
É certo que ele não se arrependeu,
E busca mais alguém que descompassa.