Entrei no recinto,
Senti o mal cheiro,
Que lembra o aroma
De um velho chiqueiro.

Janelas abertas,
A porta escancara!
Ar fresco pra dentro,
Fedor que não para!

Tem bosta no balde,
Tem merda no chão;
Quem foi o autor
De tal dejeção?

“Alguém nesta noite
Passou por aqui
E fez a sujeira;
Quem foi eu não vi.”

Procurem as luvas!
Encontrem os panos!
Que horror, que bagunça!
Momentos insanos!

Além do cocô
Tem mijo também,
Que escorre pra longe,
Pois forma não tem.

Melhor botar fogo,
O prédio incendiar;
Fazer qualquer coisa
Pra bosta apagar.

A um outro lugar
A mente dirijo;
As forças encontro,
E esqueço do mijo.

Já faz um bom tempo
Que deram a cagada,
Pois mesmo esfregando
A merda é grudada.

Reclamam vizinhos
Na porta passando;
“Catinga maldita!
Meu deus!” vão gritando.

Coleto excremento
Também secreções;
Depois vou à igreja
Pedir meus perdões.

Já está tudo limpo —
Ao menos parece.
Será que num canto
Cocô não se esquece?

Melhor é ir embora
Tomar algum trago,
Tentar consertar
A bosta do estrago.