A casinha já estava abandonada
Há muitos anos — ninguém tinha pena,
Ela chorava as lágrimas sozinha,
E sozinha escondia o que sentia.

Os outros comentavam do descuido,
Do mato que cobria quase tudo,
Do lixo que jogaram os vizinhos,
Do portão que quebrou e ninguém viu.

Ela chorava e a causa conhecia;
Não era das paredes o marrom,
Nem a madeira podre do cercado,
Ou a desolação do fim de abril.

Era tudo que foi e não será,
Quem o mundo deixou pra não voltar,
Os sonhos que viraram só lembranças,
A alegria que tarda e nunca chega.