O estrangeiro subiu numa mureta,
Pediu aos companheiros atenção
E o discurso iniciou sem mais delongas,
Em voz alta e com tom sereno e sério.

Eu contaria, amigos, o que disse,
Mas não falava a minha língua o homem.
Dizer não saberia nem sequer
O idioma do discurso do estrangeiro.

Mas bonitas palavras certamente
Saíam-lhe da boca sem parar.
Convocava os ouvintes com fervor,
Persuadia-lhes a serem fortes.

Os ouvidos e os olhos eram dele.
Os gestos amplos, súbitos ou suaves,
Acentuavam as palavras suas,
Que voavam mais longe com este embalo.

Aqueles que o entendiam o aplaudiram.
Da mureta desceu num salto breve,
A mochila apanhou que estava ao lado
E embora foi guiando aquele povo.