Queimai-me vivo, os ossos meus queimai!
Acendei sem demora a chama intensa
E os elos das moléculas quebrai!
Extingui de uma vez a carne tensa!

O fogo purifica a mente imunda
E elimina a impureza de uma vida;
Acabai com a existência moribunda
Fazei cessar a angústia descabida.

Os ares respirei das borboletas;
Nos rios de águas turvas me banhei;
O gosto já senti das terras pretas;
Mas nunca nesta vida eu me queimei.

Piedade não tenhais; fazeis favor.
Não tenho, caros, medo de morrer,
E de vós guardarei nenhum rancor:
Pois pretendo das cinzas renascer.