A noite na floresta é diferente
Daquilo que imagina um cidadão.
Os ruídos que chegam aos ouvidos
Não dão causa a profunda distração.

Pois semana passada eu acampei
E a noite toda ouvi tanto barulho
Tanta baderna, tantos os discursos,
Que meu estômago virou um embrulho.

Eram almas penadas de outros tempos,
Que temem da cidade as luzes fortes
E se abrigam no mato escuro e fundo,
Onde falam com dó das próprias mortes.

Deslocadas no tempo, erram no espaço
No espanto eterno do se achar não vivo.
As dores contam aos despreparados
Com admirável ânimo obsessivo.