Será com luz e sem fanfarra alguma
Que os homens tornar-se-ão senhores altos.
Das velhas línguas ficará só uma,
E tudo correrá sem sobressalto.

Como se fosse dia a noite é clara,
Mas a luz que ilumina também cega,
E a liberdade que nós é tão cara
Não sobrevive, pois a luz a nega.

O conforto escreviza a grande massa,
Que feliz não questiona a consequência:
Vai ao abatedouro a dócil raça,
Do livre arbítrio tendo só a aparência.

Quem será escravo e quem será senhor
Na nossa inevitável distopia?
Cada um em seu canto é jogador
E espera o alvorecer do novo dia.