— Bom dia, precisa de ajuda?

— Sim. Onde fica o plástico filme?

A moça conduziu o Paulo a uma vasta gôndola com rolos de variados preços, dimensões e invólucros. Era uma variedade muito superior àquela que antecipara.

Nada é tão simples quanto dizer “amor, compra um rolo de plástico filme”. Executar o pedido, porém, é tarefa de dificuldade desconhecida. O Otávio sabia, pelo menos, que não devia comprar o rolo no supermercado; era muito caro lá. Isso a mulher havia deixado claro da outra vez.

O que ela não tinha dito é que a quantidade de opção que existe em lojas especializadas é muito maior do que num supermercado. É comparar a exuberência da caatinga com a da Amazônia.

— Obrigado, vou voltar depois.

Nesse caso, não era papo de cliente. Ele enviou uma mensagem à Márcia pedindo maiores instruções e foi fazer outras coisas.

Depois, munido de conhecimento mais preciso, voltou.

— Bom dia, precisa de ajuda?

Era outra moça.

— Não, obrigado.

Pegou o plástico e filme e dirigiu-se à fila do caixa — mas no trajeto foi interpelado por essa moça nova, que deu um cartãozinho e disse para entregar no caixa.

Enquanto pagava, a outra moça, a primeira, que lhe mostrara onde ficava o plástico filme, veio tirar satisfação.

— Fui eu quem atendi o senhor, não foi? Mas o nome da vendedora que apareceu na tela não foi o meu que eu vi.

— Sim, é que… é que eu saí e voltei agora. E aquela moça ali — apontou com o dedo — me entregou esse papelzinho.

— E você não disse nada?

— Pra quem?

— Pra ela! “Olha, eu já fui atendido antes” — O tom era de gozação mesmo.

— Olha, desculpa.

— Desculpa uma ova. Desculpa não traz comissão.

O Paulo piscou. A moça virou as costas e foi embora. A outra já tinha sumido. O caixa disse:

— Ela está na experiência ainda. Começou ontem. Acho que não vai continuar.

— Trouxe o plástico filme? Estava caro?

O Paulo piscou.