Os olhos não pisqueis arregalados:
Pois as pálpebras quando as levantardes,
Tudo que conheceis não mais será.
Vós sois, como os demais, simples cobardes.

O estardalhaço desses olhos velhos
Em papelão converte a rocha dura:
E tudo cai sem cerimônia alguma
Com a petulância que ninguém atura.

Porém se vale a pena ora dizei:
Vagar com as escleróticas vermelhas
E o peso do universo sobre os ombros —
Perdidas da alma já todas centelhas?

Dilatai as pupilas, enxergai:
Na cegueira de um século não vedes
O que vê um olho são em dois segundos;
Não saciareis de tempo as vossas sedes.