Eu sinto o cansaço de mil perdições.
Esforços de sangue caíram por terra;
Restaram-me os ossos doídos por dentro
E os olhos sem vista que nada distinguem.

O frio do quarto contrasta com o suor
Brotado abundante na rua concreta.
Um forno impiedoso é a cidade em janeiro,
Assados os filhos da terra se encontram.

Percebe o que existe por dentro do mundo:
Disputa ferrenha, cachorros ganindo.
Aceita o que ordenam os mestres agora:
É inútil o tempo gastar resistindo.

O dia se acaba, a fronteira se fecha.
O que era possível fazer já foi feito:
Sobrou a agonia passiva e amarga,
Por terra se foram os sonhos antigos.