Os caixas de supermercado, em várias partes do mundo, trabalham de uma forma diferente daquela com a qual estamos acostumados no Brasil. Nossa experiência no caixa é bem tranquila: os funcionários são simpáticos, sorriem, dizem “oi” e “tchau”, etc. Às vezes tem até algum empregado cuja única função é ensacolar os produtos para você. Quanta mordomia.

Na Rússia, não é assim.

O processo todo lá é muito eficiente. O caixa pega os produtos da esteira e passa-os pelo leitor com uma velocidade incrível. E ele vai jogando e empurrando tudo para frente: a responsabilidade de colocar na sacola é sua. E quando ele passar todos os produtos, não importa se você ainda está ensacolando: é hora de pagar e pronto. Qualquer demora é moralmente condenável e causará comentários e olhares.

Eu simpatizo com a atitude. Se essa eficiência toda significa que eu vou mais rápido para casa, por mim tudo certo.

É claro que, para um estrangeiro, a pressão é grande. Qualquer pergunta precisa ser entendida e respondida prontamente. Não há espaço para falhas ou enganos. As respostas já devem estar na ponta da língua.

— Quer sacola?

— Não!

Por isso, quando vou pagar com dinheiro sempre digo que não tenho moedas, mesmo que tenha um montão delas. Tem que entender muito rápido o que está acontecendo e exatamente quantos copeques o caixa quer; é mais fácil dizer que não tenho trocado e pronto.

Um dia a estratégia deu errado e eu levei um xingão.

Na hora de pagar, entreguei, digamos, cem rublos. E a moça pergunta:

— Tem blá-blá-blá copeques?

— Não!

O que eu não contava é que havia uma espiã na fila. A caixa não tinha ângulo para ver que eu estava mentindo, mas a cliente bocuda tinha.

— Jovem, por que diz que não tem moedas quando eu vejo que você tem!?

Filha da mãe.

Não respondi nada. A caixa olhou irratada para mim e me deu o troco.