Num dos experimentos fundamentais da psicologia no século XX, demonstrou-se que macaquinhos são capazes de aprender, uns com os outros, comportamentos sofisticados.

Os cientistas penduraram num canto do laboratório um cacho de bananas deliciosas. Soltaram lá dentro cinco macacos, que podiam alcançar as bananas subindo numa escada que ficava ao lado do cacho. Os macacos, porém, foram verbalmente alertados para não se aproximarem da escada. De qualquer forma, os cientistas ativavam uma mangueira de incêndio toda vez que algum macaquinho subia naquela escada. Com a mangueira eles torturavam não apenas o macaquinho que cometeu o crime, mas todos os outros também. Em pouco tempo os bugios não subiam mais na escada e, quando algum temerário se aproximava dela, os outros corriam para impedi-lo, utilizando de violência se necessário.

A parte interessante do experimento é que os macacos foram gradualmente sendo substituídos. Os novatos não sabiam do perigo e se aproximavam sem medo da escada. Os veteranos, contudo, davam pancada no novato. Após algumas semanas, nenhum macaco original restava. Nenhum dos cinco macacos no laboratório agora havia experimentado a mangueira de incêndio e nenhum tinha coragem de se aproximar da escada.

Na Rússia as vans, também chamadas de gazelas, são muito comuns no transporte urbano. Tradicionalmente, o passageiro deve dizer ao motorista quando deseja descer na próxima parada (é um momento, claro, tenso para o estrangeiro).

Outro dia eu estava numa gazela, com outros poucos passageiros. Um deles disse ao motorista:

— Pare na próxima, camarada.

Mas o motorista passou reto. Quando se trata de reclamar, os russos, assim como os brasileiros, são solidários. O motorista logo foi verbalmente atacado de vários lados e defendeu-se:

— Eu, amigos, sou um pouco surdo. Tenham paciência.

Era mentira, claro, mas todos preferiram não arriscar. Os próximos passageiros, que presenciaram o barraco, não mais falavam, mas gritavam ao motorista.

— PARE NA PRÓXIMA!

Chegou um momento que eu era o último passageiro do grupo original. E percebi que os novos passageiros haviam adquirido o comportamento do grito, como os macaquinhos!

— PARE NA PRÓXIMA, POR FAVOR!

— Eu, amigos, não sou surdo. Não gritem, por favor!