Escrevi num pedaço de papel
Os sonhos de menino ainda guardados;
Joguei-o então em cima de um tonel
E os vi queimar num fogo amarelado.

A fumaça que leve ao universo
A oferenda que faço neste dia;
Esvaem-se do meu oco peito aberto
Os desejos vencidos de alegria.

Em resposta recebo a indiferença,
Nem aplauso, nem pena, nem ofensa:
Apenas o silêncio em grande estilo.

É grande a dor de os sonhos esquecer,
Mas maior é a tormenta de viver
Cada dia mais longe de atingi-los.