O sono da vida
Se dorme acordado.
Ninguém aqui ronca
De olhos cerrados.

Os meses, os anos
No sonho desperto
Ao sol eles queimam
E viram deserto.

O som do trabalho
É o nosso acalanto;
O sangue e a não dor
São base do escambo.

Assim nós chegamos
À morte inocentes:
Com o gosto anestésico
Ainda nos dentes.