Escrever é cavar
Sempre o mesmo buraco
E voltar para casa
Com algo novo no saco.

Um pedaço de alma
Está dentro da pedra;
Um segredo acompanha
O montinho de terra.

O “conhece a ti mesmo”
Não é mais que uma pá
Que, com braços pasmados,
Tira o solo de lá.

E quem sabe algum dia
Até túneis vou ter
Escavados sem dó
Lá do fundo do ser.