Quantos versos que nunca serão lidos,
Quantas pérolas nunca admiraremos!
Quanto poeta enterrado e esquecido,
Quantos cantos jamais nós ouviremos!

Estão abarrotadas as estantes
Dos sebos, que conservam a memória
Dos livros que, poeira acumulantes,
Não puderam contar a sua história.

Será mesmo que o topo das paradas,
Com autores que o próprio céu arranham,
Vence com as mãos nas costas, de lavada,
Os outros, que atenção nenhuma ganham?

Será que é loteria ou é talento?
Será que vão alguns ressuscitar?
Páginas, eu escuto o seu lamento,
Mas seu fado é no escuro amarelar.