As nuvens que hoje pairam não são mais
Aquelas que pairavam antigamente.
Não são negras; sequer podemos vê-las.
Não são de chuva; a origem não sabemos.

Dialogar com o passado agora é inútil:
As palavras não são somente velhas,
Sentido elas não fazem mais nenhum,
Interpretá-las é tarefa ingrata.

Com o olhar grudado no futuro, enchemos
Os pulmões de ar, de vácuo o nosso cérebro:
Parâmetros não temos, já se foi
O último bonde, agora só amanhã.

A chuva que hoje cai já não é mais
A chuva que caía na Amazônia:
Perderam a graça as gotas, que não vêm
De nuvens, mas da terra decadente.