Pontes suspensas no abismo infinito,
Tendes na noite a serena certeza
Que homens e feras sumiram do mundo,
Brutos e tolos que são todos eles.

Densa a neblina vos cerca e protege:
Passos inquietos as pedras não pisam.
Dormem as pedras pacíficas, débeis,
Peso sentindo somente o das trevas.

Raios de sol, inimigos perenes,
Longe ficai mais um pouco daqui;
Dai que o fiel parapeito descanse
Livre dos sons incoerentes do dia.

Mãos vos construíram em tempos remotos,
Época em que ainda esperança existia.
Hoje corrói-vos a torpe embriaguez;
Golpe final vos dará a indiferença.