Cantar do trem soviético a beleza:
As senhoras que escalam prateleiras,
O gelo que acumula na janela,
Os copos e as colheres que tilintam.

Os pés pequenos cabem no colchão,
Os grandes atrapalham os transeuntes.
Os velhos roncam muito mais que os jovens,
E as criancinhas gritam mais que todos.

Quem chora são as meninas na partida:
Em pé na plataforma elas abanam,
Sentadas no vagão elas soluçam.
Não se atrevem a chorar porém os homens.

O trem segue sem charme e sem glamour,
Nas estações parando pontualmente.
A pressa não existe no vagão:
As horas passam e ninguém percebe.

Às dez e pouco as luzes se enfraquecem;
O burburinho cede e silencia.
Domina o som dos trilhos bem ritmado.
Aconchegantemente dormem todos.

2018-04-24