Não tem mais ninguém
O pouco que eu sei
Roubei como pude,
Perdendo os sapatos,
Correndo de monstros.
Não tem mais ninguém
— E nem nunca teve —
Que pode explicar
Pra onde nós vamos.
Se o tempo acabasse
Ao menos diria
Que fiz tudo certo,
De caso pensado.
Ninguém mais responde:
Escapam-se todos
Escondem-se muitos
E dorme ninguém.
Se foi a promessa
Do bolo gigante,
Das flores na mesa,
Dos cantos na ponte.
Ficou o amargor,
Ficou a memória,
Ficou a ternura
De dedos cansados.