Perguntei aos canalhas pavorosos
Que poder eles têm sobre o universo:
Convenceram-me então que é gigantesco,
E que sabem usá-lo com maestria.

Nós, os outros, deixamos espaçosas
As lacunas que ocupam ocamente.
Permitimos, pedimos que ocupassem:
Criminosos destarte nos tornamos.

Perguntei aos senhores poderosos
Se eles sabem da origem dos seus cargos.
Afirmaram que é simples a resposta:
Natural hierarquia entre os humanos.

Com princípios, fizemo-los pensar
Que de fato surpresa não existe
Na maneira que o mundo se organiza:
Nunca opomos obstáculo nenhum.

Perguntei aos amigos com dinheiro:
Se o trabalho cansava-os como a nós.
Os olhares pasmados responderam
Que mais árduos se ocupam do que nós.

Com palavras, fizemo-nos pensar
Que queremos os fardos desses homens:
Talvez sim, mas talvez o que queremos
É manter bem fechados os nossos olhos.