Tem um templo no centro de Floripa,
“Igreja Livre de Jesus” é o nome.
O convite aos transeuntes é bem claro:
“Entre e liberte-se hoje mesmo aqui.”

Adentrando o recinto, Satanás
Está representado numa estátua
Gigante, ao lado de outra bem pequena,
De Jesus, que, assustado, foge em pânico.

Hinos satânicos intercalados
Com canções infantis de trás pra frente
Tocam o dia todo em repeteco,
Clamando por exus e sacrifícios.

Desavisadas, pias senhorinhas
Que queriam não mais que uma oração,
De olhos esbugalhados permanecem
Estupefatas diante do espetáculo.

Reclamações abundam, mas o bispo
Diz que o Brasil é laico e que, portanto,
Cada um adora quem quiser e pronto.
E a porta é a serventia aqui do templo.

Aponta para o quadro na parede
E diz que os visitantes revoltados
Podem pra aquele número ligar:
Um cinco um, telefone do PROCON.

Um botão ele aperta no casaco
E os chifres que usa na cabeça acendem,
Um vermelho brilhando com orgulho.
“Vou converter umas velhinhas, tchau.”