Quero a falácia perfeita, o argumento impecável;
Quero o poder da palavra, o saber da oratória.
Ora, o que é fato não conta, não tem importância;
Já que a utopia não fica por perto, desisto;
Rumo contrário desejo seguir; dai-me então
Roupas bonitas e barba e cabelo arrumados.
Mui loquazmente entre os homens pretendo dizer
Tudo o que devo e preciso, mas nada que penso.
Ágeis vocábulos, redondas vogais cintilantes;
Voam meus cantos-disfarces, encantos-comparsas;
Morta minha alma, os cuidados ignóbeis eu busco.